Lideranças devem entregar mais que o resultado financeiro

Não faz muito tempo que o CEO da Toshiba Corp, senhor Hisao Tanaka, renunciou ao comando da empresa depois que foram divulgadas notícias sobre maquiagem nos resultados financeiros do negócio. Ele foi acompanhado no ato por outros líderes de alto escalão do conglomerado Japonês, que tem mais de 140 anos de constituição e registra vendas aproximadas de 50 bilhões de dólares ao ano. O tamanho da fraude contábil aproximou-se de 2 bilhões de dólares norte americanos.

Nessa semana o mercado mundial, e mais especificamente o segmento automotivo, foi abalado pela revelação de que a agência Norte Americana, responsável por cuidar das questões ligadas a emissões, e meio ambiente (EPA), evidenciou mascaramento dos níveis de emissões dos veículos da marca Volkswagen, na América do Norte, e que possuem motorização diesel.  Já nos primeiros dias as ações da companhia perderam mais de 30% de seu valor no mercado acionário e a empresa anunciou ter feito reservas contábeis de 7,3 bilhões de dólares, para enfrentar penalizações de seu ato em território norte americano. Já a EPA teria anunciado que a cifra de gastos da empresa com a fraude pode chegar a 18 bilhões de dólares. Para ter uma ideia o valor da reserva supera o lucro anunciado pela VW no primeiro semestre desse ano de 2015. E o “estrago” na marca? E a reputação? E a moral dos funcionários da empresa, como fica?

O CEO da Volkswagen até então, sr. Martin Winterkorn, já se afastou da função e deve ser seguido por outros líderes.

Esses fatos e outros, que já aconteceram em ocasiões diversas no Mundo Corporativo, evidenciam que o principal comandante de um negócio e seus liderados tem responsabilidade muito maior nos dias de hoje além da entrega do lucro ao acionista. É muito mais do que isso, sem dúvida!! E aqui não se trata tão somente de cumprir para com a legislação local e suas demandas, afinal o olhar do Executivo e suas ações devem atender diversas partes interessadas além do acionista, como o empregado; o cliente; o Governo; o fornecedor e a comunidade na qual tem seus negócios.

Parece que as empresas, de modo geral, ainda não entenderam, ou não colocaram em prática um processo que permita, de modo consistente e robusto, construir lideranças comprometidas com a atualidade e a necessidade de atender interesses diversos, além do resultado financeiro.

É preciso cuidar disso!

O ex-CEO da Toshiba era um veterano de 40 anos na empresa e já estava no cargo há dois anos. Já o sr. Winterkorn da VW, também um executivo com formação no grupo, assumiu o papel de Executivo Principal no ano de 2007.

A pergunta é: como eles chegaram lá?

A outra pergunta é: como esses dirigentes cuidaram da cultura do negócio e da formação de outros líderes? Afinal não é possível atribuir tão somente ao CEO as falhas de comportamento que levaram cada uma dessas empresas à situação descrita anteriormente. Certo?

A evolução de um (a) funcionário (a) dentro da organização deve ser acompanhada de constante avaliação sobre seu comprometimento com o negócio e a entrega de resultados e metas definidos. E mais…o comportamento da pessoa precisa ser exemplar a seus pares, superiores e subordinados. Adicionalmente não se pode deixar de lado, em hipótese alguma, de tratar com rigor desvios de comportamento.

Outro ponto que pode ajudar na construção de líderes à prova de desvios de conduta é fazer com que o funcionário se sinta à vontade para, de modo franco, recusar a execução de iniciativas que contrariem o bom comportamento dentro e fora da organização.

A formação de líderes, e a promoção desses ao longo da carreira na organização, também devem ser executadas através de processos robustos e que não deixem espaço para atitudes de privilégio ou protecionismo. O futuro líder precisa saber e entender claramente que a ascensão no trabalho dependerá sempre da entrega de resultados e metas, mas também de comportamento irrepreensível.

As empresas precisam, através de seu líder máximo e com auxílio do corpo de dirigentes, cuidar continuamente da cultura da empresa tomando iniciativas todo o tempo para reconhecer aqueles que atendem às boas práticas de ética e comportamento e punindo outros exemplarmente.

É preciso formar líderes que tenham visão clara sobre o papel que desempenham no negócio e quais interesses devem ser atendidos além do resultado financeiro, que embora muito importante, não é único!

Posts Recentes