Os gestores, o Conselho de Administração e a Governança

As empresas de capital aberto, seja qual for o tamanho do empreendimento, são obrigadas por lei no Brasil a comporem formalmente seus Conselhos de Administração visando assegurar a boa Governança. Aqui se busca de um lado a criação de valor para o negócio e acionistas através da entrega efetiva de resultados financeiros superiores, assim como cuidar da perpetuidade da empresa.

Os crescentes desafios no mundo empresarial tem também levado muitas empresas de capital fechado, inclusive as familiares, a adotar grupo de conselheiros formais ou consultivos e essa é uma tendência positiva no sentido de melhorar a gestão do negócio. Muito bom!

A existência de Conselhos de Administração ou Consultivos, no entanto, não se constitui em iniciativa suficiente para a organização gerar caixa e lucro; aumentar participação no mercado, e criar valor para as partes interessadas (acionistas, empregados, clientes, fornecedores e a sociedade em geral). Na verdade são muitos os exemplos de má gestão ou má conduta de gestores, cujos efeitos nocivos ao negócio não foram, a seu tempo, mitigados ou eliminados pelos membros do Conselho de Administração/Consultivo. O que deu errado então?

O tema é complexo e polêmico, e obviamente exige muita análise. Muito já se discutiu e a cada novo fato divulgado de gestão fraudulenta ou ineficaz em uma organização, várias questões são levantadas sobre quais deveriam ser os antídotos para evita-lo.

Pretendo aqui focar no perfil do Conselho de Administração e do relacionamento existente entre este e os executivos da empresa e o que pode contribuir para manter harmonia entre as partes, e assim ser possível adicionar valor ao empreendimento.

A formação do Conselho é, sem dúvida, um ponto importante na equação! O IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – desde muito tempo tem orientado as empresas para constituírem o Conselho de Administração com pessoas bem formadas, participativas, de comportamento modelo no mundo dos negócios e independentes. Outros pontos recomendados são: a) diversidade quanto a gênero (masculino, feminino) e idade; b) independência financeira; c) tempo de dedicado à missão.

Um tema que tem sido cada vez mais discutido entre os estudiosos da Governança Corporativa é a auto avaliação periódica de desempenho dos conselheiros. Este tipo de iniciativa pode dar contribuição positiva na melhoria de atuação dos membros ajudando no aperfeiçoamento da gestão. Da mesma forma em algumas empresas o quadro de gestores é avaliado pelo Conselho de Administração rigorosamente não só quanto aos resultados, mas também pela liderança que exercem na organização.

Eu acredito que o bom desempenho da empresa e a geração de valor não são e não podem ser dependentes do executivo principal. Não há espaço para um todo poderoso “Deus”, a ditar isolada e solitariamente os destinos da empresa. É muito importante uma gestão compartilhada na qual tanto o executivo principal como seu time troquem experiências e discutam os melhores caminhos visando a lucratividade e criação de valor. Nesse sentido as reuniões periódicas do Conselho devem não só monitorar a execução da estratégia definida como se constituírem no fórum adequado para discutir a dinâmica do mercado e avaliar as práticas dos gestores. A reunião de Conselho torna-se então um momento único de aproximação com os gestores para bom entendimento da situação do negócio.

Concluindo: A composição diversificada do Conselho de Administração ou Consultivo, sua independência e participação efetiva contam para o sucesso da Governança na empresa. Por outro lado é importante dar-se a devida atenção no relacionamento dos gestores para com o Conselho de Administração criando um clima positivo de compartilhamento mútuo de experiências sustentado pela transparência, boa comunicação e a discussão das questões relevantes ao negócio.

 

 

Posts Recentes