A complexidade dos negócios em geral, a globalização dos mercados e a cobrança paranoica pela entrega de resultados financeiros superiores, transformaram a vida das empresas de auditoria independente exigindo excelência nos trabalhos que executa junto às empresas contratantes e transparência nos relatórios emitidos.
De fato sobre elas, mais do que nunca, recai a responsabilidade de assegurar que as partes interessadas no empreendimento – acionistas, empregados, instituições financeiras, clientes, fornecedores e governo – colham informações de qualidade e equalizadas com as normas e padrões contábeis universais.
Na segunda metade do século XIX começaram a surgir as primeiras empresas especializadas na realização de auditoria contábil e financeira e já nos anos 1980 oito delas, a maioria com base ou matriz no Reino Unido e/ou nos Estados Unidos, se destacavam: Arthur Andersen, Coopers & Lybrand, Ernst & Whinney, Delloitte Haskins & Sells, Peat Marwick Mitchells, Pricewaterhouse, Touche Ross e Arthur Young.
Como ocorrido em outras indústrias, no segmento das empresas de auditoria externa aconteceram diversas fusões e aquisições, de tal modo que no ano 2000 as principais eram contadas numa mão: cinco!
O escândalo de governança e fraudes contábeis divulgados ao mercado relativamente à empresa estadunidense Enron acabou por liquidar a Arthur Andersen, a qual no ano de 2001 se desintegrou.
Hoje são quatro as principais empresas transnacionais que vendem serviços de auditoria externa independente: PricewaterhouseCoopers, Deloitte Touche Tohmatsu, Ernst & Young e KPMG. Cabe ressaltar que todas essas empresas expandiram o portfolio de produtos e já não têm dependência tão grande dos trabalhos de auditoria das operações e relatórios financeiros divulgados pelas companhias mundo afora.
A maior dessas empresas, a PricewaterhouseCoopers, tem receita anual superior a US$35 bilhões e conta com um quadro de mais de 200.000 empregados! Um gigante!
Todas essas quatro empresas atuam no mercado brasileiro e foram responsáveis nas últimas décadas pela formação de excelentes profissionais que hoje inclusive ocupam posições executivas de destaque no mundo empresarial. É uma verdadeira elite de pessoas qualificadas.
Nos últimos anos com a sofisticação dos mercados e com o surgimento de diversos casos de má conduta ética nas empresas também essas organizações, às quais cabe averiguar os registros das transações de seus clientes e a eficácia do corpo de gestores comunicando ao mercado a opinião resultante das auditorias, têm sido afetadas em sua imagem, pois emitiram pareceres “limpos” para tempos depois o mercado descobrir falcatruas ou má gestão com sérias penalizações financeiras aos investidores e outras partes interessadas.
Não podemos misturar as coisas em minha opinião, pois a falha na “investigação” das transações comerciais e financeiras de uma empresa não significa que o trabalho do auditor externo independente de nada vale.
Em primeiro lugar é preciso reconhecer a excelente formação profissional dos auditores e dos líderes de auditoria. Além disso, as próprias normas e princípios contábeis têm sido aperfeiçoados para adaptação ao mundo dos negócios extremamente sofisticado e competitivo.
Uma recomendação interessante e que também serve para proteger a empresa de auditoria externa, em meu ponto de vista, é aquela exigida pela CVM para a empresa de capital aberto mencione em seus relatórios que tipos de serviço, se algum, foi prestado pela companhia de auditoria independente além da própria análise e manifestação sobre se as demonstrações financeiras elaboradas pela empresa contratante.
Outra prática que pode ajudar na qualidade do serviço prestado pela empresa de auditoria independente é provocar a troca do prestador desse tipo de serviço após determinado período de tempo. Alguns chegam a defender a substituição num prazo de tempo não superior a três anos.
Não há dúvida, portanto sobre a relevância do trabalho das empresas de auditoria independente para aprimorar a gestão empresarial, exigindo mais cuidado nos negócios e transparência sobre a real situação econômico-financeira do empreendimento.