Oportunidades na crise – Finanças

A Anefac – Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade – indica que o custo do dinheiro para as empresas chegou a 4% no mês de Maio, sendo essa a maior taxa de juros mensal desde Julho de 2011. Segundo a entidade o aumento dos juros resulta da combinação de taxa Selic mais alta, como determinada pelo Banco Central; elevação do nível de inadimplência e; o repasse dos Bancos às taxas de juros praticadas do aumento dos impostos – Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL), a qual por decisão do Governo Federal passou de 15% para 20%.

A situação da economia Brasileira continua bem difícil com expectativa de que o crescimento negativo do PIB deve superar os 2%. Já o segmento industrial deve encolher entre 3% e 4% até o final do ano versus 2014.

O nível de inadimplência das empresas, divulgados pelo Banco Central do Brasil, atingiu recentemente 2,3% representando o maior índice na série histórica dos dois últimos anos. Por outro lado a companhia Serasa Experian reporta em sua website que, o número de falências requeridas mais as decretadas somaram 1.246 em doze meses acumulados até Junho desse ano. No mesmo período, segundo a mesma Serasa, foram 492 os pedidos de recuperação judicial.

A conjuntura atual e, o que se pode esperar para os próximos meses continuam exigindo esforço extra das companhias, e de seus gestores, para mitigar os efeitos negativos em seus resultados financeiros, enfrentando o longo momento transitório com diversas ações, para as quais a ajuda e o suporte dos profissionais de Finanças são fundamentais.

Em minha opinião, o momento exige muito mais presença da área financeira no apoio à formulação de saídas para a situação crítica do momento, além de tomar para si a responsabilidade de acompanhar de perto o desempenho da execução dos planos de ação desenhados na organização.

Na formulação dos planos alternativos de negócio a atenção deve estar focada no curto prazo, sem perder de vista o médio prazo, certo? Na área financeira é possível obter dados e informações preciosos dando mais sustentação ao processo de decisão, evitando a uso de “achismos”.

A situação impõe que busquemos oportunidades e elas existem de fato!!

Aqui vai uma lista de pontos de investigação; coleta de dados e formulação de ações:

  1. Atual estrutura de capital do negócio; fontes de financiamento bancário; vencimentos e custos. Dá para renegociar algo? Que propostas seriam encaminhadas aos credores? Quando? Estabeleça um cronograma para ação imediata;
  2. Fluxo de caixa: estudar em profundidade a geração de caixa assim como os gastos e investimentos da empresa buscando estabelecer equilíbrio e assim diminuir ou eliminar as necessidades de tomada de recursos financeiros no mercado;
  3. Condições de pagamento a fornecedores de bens e serviços. Quais são elas, individualmente? Defina um novo parâmetro para negociação e estabeleça um cronograma de consultas e encontros com os parceiros;
  4. Preços de venda praticados: discutir com a área Comercial oportunidades para elevação de preços onde possível; avaliando a rentabilidade por cliente/produto. Faria sentido descontinuar a comercialização de alguma linha de produto não suficientemente rentável? Encaminhar solicitação de reajuste de preços aos clientes nos casos mais críticos de lucratividade, mas fundamentados com a estrutura e evolução dos custos;
  5. Prazos de recebimento: Quais são hoje, por cliente? Em conjunto com a área comercial avaliar mudanças para diminuir o prazo de recebimento definindo cronograma de ação;
  6. Custos fixos: estudar com todas as áreas da organização a diminuição dos custos fixos. Isso não inclui somente o quadro de pessoas, mas também as despesas associadas a prestadores de serviço onde aplicável. Uma vez que as ações são definidas convém estabelecer um esquema para monitorar o progresso em cada uma delas comparativamente à meta estabelecida;
  7. Investimentos de capital – máquinas; equipamentos; é preciso avaliar com cuidado quais podem ser adiados e da lista final escolher as prioridades levando em conta o retorno É importante também estudar as fontes de financiamento mais atrativas, caso haja necessidade de tomada de recursos de terceiros;
  8. Oportunidades de exportação: Dar suporte e ajuda à área comercial para avalia-las levando em conta o novo nível de taxa de câmbio; e os custos internos de produção, além das despesas com logística e custos dos insumos;
  9. Oportunidade para trocar itens comprados no exterior por aquisições junto às empresas localizadas no Brasil: com a evolução da taxa de câmbio nos últimos dez meses quanto está custando o insumo importado versus os preços oferecidos por fabricantes nacionais? Em quanto tempo seria possível mudar a fonte de suprimento?

Sem dúvida na crise, como a atual estabelecida em nosso país e que não tem previsão de término num horizonte de doze meses, a área de Finanças passa a ser parceira importante na organização para ajudar na identificação das oportunidades; medir e estabelecer metas e também acompanhar os resultados bem de perto.

Bom trabalho!!

 

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