Sou do jeito que sou e se modificar meu modo de ser estarei ferindo minha autenticidade, e em consequência, deixando de ser verdadeiro ao lidar com as pessoas e com os desafios da firma a que pertenço.
Não há dúvida de que muitas pessoas na missão de liderança enfrentam esse questionamento, seja quando mudam de empresa ou então ao assumirem um novo papel na mesma organização a qual servem há anos.
A verdade, no entanto, é que os líderes têm sempre a oportunidade de aprimorar o desempenho na busca da entrega de resultados excepcionais do time de liderados. É preciso, defendem alguns estudiosos, ter a mente aberta para observar a necessidade de adaptação de comportamento num ambiente diferente do que está o líder habituado a conviver. Afinal no papel de liderança vale mais o comportamento e o jeito de ser do que os conhecimentos técnicos, sem menosprezar a importância desses.
No início do ano passado a revista Harvard Business Review colocou o tema como matéria de capa e é essa reflexão que procuro resumir nesse texto. A autora, uma professora da INSEAD, Hermínia Ibarra, chega a classificar o líder “camaleão”, como aquele que tem uma capacidade natural de adaptação às diferentes demandas de comportamento sem que com isso se sinta “falso” ou que esteja traindo seus valores ou crenças. A nova situação pode, de fato, exigir do líder a modificação no jeito de como lidar num ambiente diferente ao qual estava habituado. Não se trataria, portanto de “traição” e nem de ter um comportamento absolutamente político deixando para trás o que constitui seu verdadeiro “eu”.
Nós estamos habituados a interpretar o jeito “camaleão” como sendo algo falso e de pessoa sem personalidade, ou até de alguém que se traveste de outra para tirar proveito de alguma situação, não é mesmo?
Não é bem essa a interpretação da professora Ibarra para a qual diversas pesquisas e estudos apontam para a necessidade real de mudança do líder, deixando este de repetir sua maneira de ser para realmente desempenhar melhor e contribuindo para obter resultados acima da média de seu time de liderados.
Segundo o texto é momento de os líderes deixarem de lado a “introspecção” e observarem o que acontece ao seu redor, mergulharem em novos projetos e atividades, interagindo com diferentes tipos de pessoas e experimentando novas maneiras de fazer as coisas acontecerem.
Você que desempenha o papel de líder já pensou em sair da “zona de conforto” de fazer mais do mesmo no jeito de ser e lidar com liderados e/ou companheiros de mesmo nível na organização, ou se mantém imutável no modo de ver as coisas e de se comportar no ambiente de trabalho?
Para aqueles que tenham interesse em desenvolver esse lado “camelão”, no bom sentido do termo, aqui segue a receita indicada no texto da HBR:
- Busque inspiração em modelos de liderança observando os diferentes estilos e construa o seu próprio. Veja bem; não se trata de “imitar” alguém, mas de colher impressões e redefinir o seu;
- Estabeleça suas metas para aprendizado, não somente visando resultados mensuráveis concretos, mas de comportamento para se tornar o líder ideal na situação existente;
- Não fique “amarrado” à sua vivência ou estória, porque com o tempo essas experiências podem não ter validade em um novo ambiente. Trata-se aqui de refletir sobre situações vividas e a necessidade de adaptar reações e o jeito de ser diante de um novo quadro;
- Experimente pequenas mudanças no modo de enquanto líder você se comunica, interage com as pessoas no ambiente de trabalho e como se “auto avalia”.
Líder pense nisso!