A Infraestrutura Brasileira apoiando a excelência na Logística

Praticamente em todos os tipos de negócio no território brasileiro observa-se grande queixa dos empreendedores e gestores quanto à ineficiência da logística relativamente aos meios de transporte e bens e mercadorias. Esse cenário, sem dúvida, afeta tanto o desempenho dos negócios no mercado interno como daquelas empresas que fazem o esforço de exportar gerando escala que as tornem mais competitivas e que ganhem dinheiro.

A situação dramática da matriz de transportes num país das dimensões do nosso Brasil afeta negativamente tanto a lucratividade dos negócios em virtude dos custos associados à ineficiência como também a expansão e o crescimento que em última instância gera emprego e renda. Lamentavelmente esse diagnóstico é consenso há décadas sem que tenhamos notado mudança substantiva seja pelo papel tímido dos governos no planejamento de médio e longo prazo; resistência do Governo Federal na definição de uma política clara, atrativa e consistente de concessões; da excessiva burocracia interna e lentidão nas aprovações de licenças para as obras inclusive e principalmente daquelas relativas a questões ambientais.

Todas essas questões não resolvidas a contento prejudicam a logística e a competitividade dos negócios no Brasil. Para agravar a situação todos sabemos, também há décadas, que a matriz de transportes em nosso país é desfavorável com excessiva participação do setor rodoviário em detrimento de outros meios – ferroviário e aquaviário – tão utilizados em outras economias mais avançadas e competitivas como nos Estados Unidos da América e até na China.

No Brasil dados divulgados pela CNT – Confederação Nacional dos Transportes – sobre as operações de 2014 considerando a métrica TKU (tonelada/quilometro útil) a via rodoviária representou 61,6% do volume transportado enquanto as ferrovias representaram tão somente 20,7% e aquaviário ficou em terceiro com 13,6%. Nos Estados Unidos da América em primeiro lugar vem o setor ferroviário com 43%, em segundo as rodovias com 32% e o transporte por vias fluviais representam 25% do total transportado. E na China? Sim lá as rodovias são importantes com 50% do total, mas observa-se uma representatividade bem maior que a Brasileira no meio de transporte ferroviário com 37%.

Então além das questões colocadas anteriormente sobre a carência de investimentos para melhorar a malha de transportes temos o agravante de transportarmos bens e mercadorias por caminhos que encarecem o custo afetando a lucratividade e inibindo o crescimento dos empreendimentos.

Outro ponto importante a ser considerado trata-se da fonte de recursos para levar adiante investimentos na expansão e aprimoramento da rede de transporte em apoio à logística das empresas. Afinal essas iniciativas exigem grande aporte de capitais e são projetos de longo prazo que necessitam de atratividade no retorno para estimular os investidores. Além disso, sabemos que o Estado Brasileiro, em visível restrição de caixa, não dispõe de recursos para investimentos dessa natureza. É vital que o Governo avance rapidamente na questão das PPP´s (parcerias públicas privadas) e em propostas atrativas de concessões, asseguradas juridicamente, para que estimule o apetite dos investidores.

Uma boa notícia recentemente divulgada fala que consta na agenda da visita que o Primeiro Ministro Chinês fará ao Brasil na semana que vem a assinatura de memorando de intenção para a constituição de um fundo em conjunto com a Caixa Econômica Federal num total aproximado de 50 bilhões de dólares Americanos. Os recursos seriam dirigidos para projetos de infraestrutura; de agricultura e segurança pública. A questão aqui é quanto tempo teríamos de esperar ainda para o memorando sair do papel transformando-se em obras!

Estudo do BNDES – Perspectivas do Investimento 2015/2018 – estima que no quadriênio cerca de 45 bilhões de reais serão investidos (valores não restritos àqueles projetos apoiados pelo Banco) em ferrovias representando um aumento de 98,9% sobre o quadriênio 2010/2013 no setor. Em portos a estimativa gira em torno de 36 bilhões de reais significando um aumento de 141% sobre o período 2010/2013.

Recente divulgação feita pelo SINAVAL (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore) onde sabemos o “grosso” dos investimentos depende da evolução dos projetos no segmento “Óleo e Gás” há menção sobre iniciativas privadas em algumas regiões do país para facilitar o escoamento de safra agrícola. Um desses projetos é da empresa Cargill que apoiada por fundos do Banco da Amazônia investirá cerca de 78 milhões de reais em balsas para transportar grãos da BR163 para o Rio Tapajós chegando ao porto da empresa localizado em Santarém no Pará.

Finalizando nosso país através das iniciativas de Governo e do setor privado com recursos do Tesouro; de fundos estrangeiros (China principalmente) e das empresas poderá quem sabe nos próximos cinco e dez anos transformar a infraestrutura brasileira em apoio à excelência na logística. Isso era para “ontem”!!!

 

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