A ética no ambiente empresarial

O filósofo grego Diógenes que viveu no século IV Antes de Cristo, dizem os escritos, perambulava pelas ruas de Atenas carregando uma lamparina à luz do dia e ao ser perguntado por que se portava daquele jeito dizia: “estou à procura de um Homem de Bem”. Veja que as questões ligadas à honestidade e também ao comportamento ético não são recentes e nem tem relação com fatos recentes da história que tanto afetam a vida em Sociedade. Desde sempre a raça humana, de modo geral, é vulnerável a atitudes e atos de má conduta social que causam perdas a muitos.

No ambiente de negócios também encontramos situações ligadas à falta de ética e honestidade e aí além de efeitos nocivos à reputação do empreendimento ocorrem prejuízos financeiros de monta para privilégio de poucos. Aqui não pretendo entrar na discussão recente que ocorre no Brasil relativamente às investigações da Polícia Federal sobre a gestão da maior empresa do país – a Petrobrás cujo faturamento líquido no ano passado superou 140 bilhões de dólares Norte Americanos incluindo a BR Distribuidora. Apenas uso o momento como inspiração para esse texto.

Vários estudiosos do mundo da Gestão tem pesquisado o tema da ética nos negócios desde o início dos anos 1960 e de lá para cá com mais intensidade ainda como decorrência de diversos casos de má conduta por parte dos gestores em diversos lugares do Mundo.

O estouro da bolha Ponto.com provocou esforços para melhorar a governança das empresas visando, sobretudo proteger o mercado de ações e investidores, mas também devido ao fato de que mudanças importantes nas demandas da Sociedade (outras partes relacionadas como empregados, fornecedores, clientes, comunidade, governo) forçam as empresas a cumprir um papel que vai além da geração de resultado financeiro.

Então a ética na condução do negócio não se restringe mais a aspectos econômico-financeiros, mas a outras questões que exigem comportamento exemplar por parte do Gestor.

Existem diversos livros que falam sobre a ética nos negócios o que demonstra quão profunda é a discussão, mas entendo ser importante registrar aqui um ponto relevante: ética não se restringe a seguir a lei!! Na verdade embora as leis ou normas cumpram seu papel de definição do que é certo ou permitido fazer daquilo que não é aceito a ética se sobrepõe às leis. Complicado. Não é?

Nas organizações de modo geral há uma definição de Visão, Missão e Valores que são difundidos formalmente, mas estes também não contemplam a ética em toda a sua extensão.

Sendo o tema tão complexo é compreensível imaginar que o comportamento antiético por parte das pessoas de uma organização pode acarretar danos irreparáveis ao negócio e a outras partes relacionadas.

Muitas empresas têm adotado procedimentos internos mitigando os riscos exigindo de suas pessoas zelo no comportamento de modo geral. Aqui vai uma lista:

  • Definição clara de um Código de Conduta abrangente a todas as partes relacionadas;
  • Criação de órgãos internos que cuidam do monitoramento das decisões e das práticas administrativas (Auditoria; Diretoria de Compliance);
  • Estabelecimento de limites econômico-financeiros para aprovação de matérias e tomada de decisão;
  • Processos administrativos formais claramente pactuados com os funcionários;
  • Linha direta para denúncia de comportamento inadequado ou suspeito independente de cargo ou posição hierárquica;
  • Punição exemplar de empregado que fira a ética e o Código da empresa. Não pode haver tolerância!
  • Avaliação interna das pessoas do ponto de vista comportamental e não somente de resultados;
  • Fortalecimento do Conselho de Administração para que este tenha independência na análise e julgamento das decisões executivas.

Essas práticas assegurarão comportamento ético das pessoas de uma organização e de seus líderes? Muito provavelmente não, porém essas são em meu julgamento imprescindíveis para que o negócio ou a empresa tenha em seu corpo de pessoas aquelas que mais se aproximem do “Homem de Bem” procurado por Diógenes em sua peregrinação.

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