A atividade econômica e o cenário para 2016

Que me desculpem os economistas e seus estudos econométricos profundos, mas quando se trata de projetar a economia brasileira para o futuro, na maior parte das vezes somos tomados pelo foco no curto prazo e ânimo dos agentes econômicos: governo, empresas e famílias. E dessa vez não é diferente.

A falta de crescimento do PIB em 2014, a queda da produção nacional em 2015, hoje prevista em algo superior a 3%, e a desesperança que toma conta da sociedade brasileira com o intenso embate político criam um ambiente propício para que poucos apostem em alguma recuperação da economia do país no ano que vem. De fato já ouvi falar, de gente respeitável, que em 2016 o PIB pode recuar ao redor de 2%. Com isso o nível de desemprego aumenta, a renda das famílias diminui e os governos municipais, estaduais e também o federal terão dificuldade de fechar as contas como resultado da queda na arrecadação de impostos. A situação está difícil e não há sinal de melhora para os meses adiante.

Agora no final do ano de 2015 podemos, com muito mais certeza, reportar como foi o nível de atividade nos diversos segmentos. Aí vai:

  • O setor de bens de capital, através da sua entidade Abimaq, reporta uma queda na receita líquida ao redor de 9% em 2015 depois de já ter registrado índice negativo de crescimento de 13,7% em 2014 comparativamente a 2013;
  • A Abinee, entidade que congrega as empresas do segmento eletroeletrônico estima diminuição média de 5% no faturamento desse ano;
  • As vendas do setor de material de construção devem cair mais de 11% em 2015 versus 2014 e a projeção para o ano de 2016 indica outra queda de 5%;
  • A Anfavea – Associação das empresas do setor de veículos auto motores – ajustou recentemente a projeção para 2015 dizendo que a produção será 23% menor nesse ano comparativamente a 2014 e não tem grandes esperanças de recuperação dos negócios em 2016;
  • O setor de máquinas de construção, a linha amarela, reporta que as vendas de equipamentos em 2015 alcançará 27.070 unidades, ou seja, 50,2% abaixo do registrado em 2014. Para 2016 está estimando outra queda que deve ficar ao redor de 4%. Aqui diminuição da atividade se dá como resultado da diminuição das obras públicas e também do esfriamento no lançamento de moradias no setor imobiliário;
  • A Abras – associação dos supermercados – divulga uma previsão de queda do faturamento, já descontada a inflação, de mais de 1% em 2015, depois das vendas do setor terem crescido algo como 2% em 2014 versus 2013;ível
  • No varejo dados da pesquisa mensal do comércio do IBGE indicam queda de 10,2% no segmento de móveis e de 7,3% nas vendas de eletrodomésticos;
  • A Abigraf que reúne empresas da indústria gráfica relata que depois da queda em média de 2% em 2014, nesse ano de 2015 até Junho a diminuição do volume produzido foi de 2,9%. A queda mais acentuada reside no segmento de publicações de livros, revistas e jornais. Nas empresas associadas que se dedicam a embalagens de papel e papelão a diminuição de produção foi de 1%;
  • O Instituto Aço Brasil divulgou que até outubro desse ano de 2015 foram registradas quedas de produção de 1,3% de aço bruto; diminuição de 8,8% no volume produzido de laminados e de 5,9% foi a queda na produção de aços planos. Já a produção de ferro gusa aumentou em 4,3%;
  • Uma das boas notícias de comportamento das vendas é do setor de fármacos com mais de 10%. A outra vem da produção/extração do minério de ferro que deve superar 6% nesse ano de 2015 e com previsão de crescimento de 7% no ano que vem;
  • O setor agrícola foi bem no volume colhido de soja (+11,7%), do milho (+7,4%) e também do arroz em casca (+3%), mas nem tudo foi bem na agricultura. Houve queda de 2,5% na colheita do algodão; diminuição da produção de cebola (-2,6%); da laranja (-3,3%); do café (-6,4%); do feijão (-7,5%); da cana de açúcar (-4,2%) e ainda do cacau (-4,7%). A safra de trigo em 2015 foi praticamente igual à do ano de 2014.

Esse pobre desempenho da economia brasileira teve impacto expressivo no nível de desemprego que, segundo dados do IBGE, aumentou de uma média de 4,8% em 2014 para 6,9% em 2015. O Instituto indica em seu site que o desemprego deve subir mais ainda em 2016 e talvez chegue a 9%. A conferir.

Há de fato pouca motivação para acreditarmos que, de uma hora para outra, a situação da economia brasileira vá se recuperar no próximo ano, então os gestores precisarão uma vez mais desenhar os planos de negócio de 2016 com os pés no chão, sem grandes extravagâncias, porém tentando fazer do limão uma limonada.

Não é permitido “jogar a toalha”. É necessário arregaçar as mangas enfrentando as adversidades combinando rigidez no monitoramento do caixa, diminuição da dependência de recursos do sistema financeiro, ações para tirar espaço dos concorrentes e manter o time de pessoas motivado e engajado garantindo excelência na execução.

Mãos à obra!!

 

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