As estimativas do final do mês de Março publicadas no Relatório de Mercado Focus do Banco Central relativamente ao ano de 2015 mostram deterioração ainda maior em alguns dos principais indicadores: Inflação medida pelo IPCA prevista em 8,13%; PIB de -1%; Produção Industrial com crescimento negativo comparativamente a 2014 (2,42%); Taxa de juros SELIC a 13,25%; Taxa de Câmbio R$3,20 / U$1.00. Por outro lado o clima no meio empresarial e de certa forma em toda a sociedade continua bastante pessimista e pouco animador. Muitos não acreditam no sucesso do esforço da equipe econômica para geração de superávit público de 1,2% sobre o PIB como meta anunciada pelo Ministro Joaquim Levy no início do ano.
Recentemente participei de uma discussão com grupo de experientes executivos sobre a contaminação desse cenário tão negativo de modo a causar paralização nas decisões de investimento por parte dos homens de negócio ao mesmo tempo em que tomam atitudes para diminuir custos cortando gastos e reduzindo quadro de pessoas. De fato a baixa demanda em muitos dos setores econômicos exige ações drásticas para mitigar pesadas perdas financeiras e em alguns casos pode tratar-se até de sobrevivência. Por outro lado….Foi exatamente isso que discutimos!! Quais segmentos ou setores da indústria ou de serviços poderão apresentar crescimento e resultados financeiros positivos? O grupo que havia coletado ideias com diversos executivos principais de empresa chegou ao consenso da lista que segue: a)Fármacos; b) Gestão de talentos; c) Franquias; d) Serviços de Manutenção; e) Tecnologia da Informação; f) e-commerce; g) P&D; h) Equipamentos para automação; i) Segurança Patrimonial e Pessoal; j) alguns segmentos com capacidade de alavancar exportação no curto prazo; k) cosméticos; l) fundos de “private equity”. É bom observar que a lista não segue uma ordem de representatividade.
Podemos então entender que alguns setores como os citados acima não registrarão contração nos negócios, certo?
Eu coloco agora outra questão! Se meu negócio não está contemplado na relação anterior como seria possível reverter uma situação de “desastre anunciado” com ações internas e externas à empresa? É importante reconhecer que algumas empresas fazem esse exercício já na construção de seu programa de Gestão de Risco (veja texto que publiquei sobre o tema), mas é realista imaginar poucas são aquelas no Brasil que tem estrutura ou olhar de médio e longo prazo para discutirem e formalizarem ações vinculadas à Gestão de Risco.
Então eu sugiro uma reflexão por parte dos homens de negócio a fim de encontrarem saídas que possam:
a) provocar o crescimento dos negócios através de: 1) lançamento de novos produtos; 2) abertura de novos pontos de venda em regiões de demanda em crescimento; 3) oferta de produtos que atendam à procura da nova classe média (C e D); 4) avaliação de fortalecimento do quadro de Vendas; 5) aquisição de concorrente que tenha linha de produto complementar ou carteira interessante de clientes.
b) manter a lucratividade com: 1) busca de espaço para recuperação dos preços de venda; 2) eliminação de produtos não rentáveis; 3) aceleração das melhores práticas no chão de fábrica eliminando desperdícios; 4) organização enxuta.
c) fortalecer a organização e prepara-la para quando a economia Aqui indico: 1) manter a visibilidade da marca; 2) investir nas pessoas talentosas; 3) investimento em racionalização de processos e emprego de recursos de tecnologia da informação; 4) preservar as parcerias comerciais.
A crise econômica brasileira está instalada e tudo indica que irá se estender até meados de 2016, mas não para todos os setores ou segmentos de indústria. Se seu negócio está na lista das áreas menos afetadas, ótimo! Se não…arregace as mangas e junto com os times de liderança busque saídas evitando o comportamento “contemplativo” e a lamentação interminável que costuma tornar ainda mais difícil o ambiente dos negócios.
P.S. Como publicou recentemente o publicitário Nizan Guanaes: “enquanto outros choram eu vendo lenço”!!