Muitos Presidentes de empresas (CEO´s) já desapontaram o mercado depois de algum tempo de glória quando entregaram resultados financeiros surpreendentes para em seguida fracassarem. Fracassos foram e têm sido registrados não só quanto à lucratividade do negócio no médio prazo como também devido à exposição da Companhia a riscos elevados por excessiva agressividade na gestão ou ainda devido a fraudes. Muitos críticos e estudiosos passaram então a associar essa visão de curto prazo dos executivos para atingirem resultados a mecanismos de remuneração inadequados e fora da realidade.
A renomada revista Harvard Business Review em sua edição de Novembro de 2014 publica recente análise sobre os Presidentes/CEO´s de empresa ao redor do Mundo que melhor desempenharam a função de modo consistente e relativamente duradouro. Justamente para reconhecer o valor dos Presidentes que entregaram resultados consistentes no longo prazo a revista considerou na pesquisa somente aquelas empresas de capital aberto em que os executivos atuam anteriormente a Abril de 2012.
Foram selecionadas as maiores Companhias pelo índice S&P 1200 e em valor de mercado nas regiões da América do Norte, Ásia, Europa, América Latina e Austrália. O desempenho do CEO foi medido através de três métricas durante o período de gestão até os dias de hoje: a) empresas onde os resultados financeiros superaram a média da indústria segmento; b) o retorno aos acionistas e c) o valor da empresa no mercado. A medição compreendeu desde o primeiro dia em que o CEO assumiu o posto até Abril de 2014.
A HBR também avaliou a remuneração dos Executivos e tentou confrontá-las com o posicionamento da empresa na classificação entre os cem nomes e conclui que não há relação direta entre pagamentos efetuados aos CEO´s e o desempenho do negócio. Por exemplo, o número 1 em remuneração é o Presidente Mundial da Disney enquanto em desempenho sob o seu comando a empresa foi classificada no sexagésimo lugar. Enquanto isso Jeffrey Bezos (Amazon) o CEO número 1 por desempenho não faz parte da lista dos dez executivos mais bem pagos, porém como tem 18% do capital da empresa seu patrimônio pessoal é alto devido ao valor de mercado da Amazon.
O estudo da Harvard Business Review informa que os cem Presidentes/CEO´s são de fato bem remunerados principalmente os Norte Americanos, mas o desempenho na gestão do negócio no médio prazo não pode ser diretamente vinculado ao que a eles foi pago como salários, bônus ou opções em ações da empresa.
Finalmente a revista reconhece que outros aspectos intangíveis da gestão como: impacto ambiental, satisfação dos empregados, foco no Cliente devem em algum momento fazer parte da avaliação do Gestor/CEO.
Vale a pena fazer a leitura do perfil e do desempenho de cada um dos Presidentes/CEO´s classificados na lista da HBR. Eu tive o privilégio de conhecer um deles mais de perto – Alexander Cutler da Eaton – e posso manifestar profunda admiração por seu trabalho com visão estratégica de longo prazo, embora o mercado exija a entrega de bons resultados trimestrais, e comportamento ético. Ele está no comando do negócio desde o ano 2000.