Time de liderança de sucesso

Em uma das empresas em que trabalhei e na qual era responsável geral pela unidade de negócio tendo companheiros de outras divisões de mesmo nível – “peers” – sempre trocávamos ideias sobre como manter o time de líderes focado e entregando resultados superiores. Este de fato é um desafio e tanto.

Um desses colegas me revelou que não tinha qualquer problema sério com o time de liderados, constituído de outros líderes no nível de Diretoria e/ou Gerência, pois raramente trazia conflitos para ele resolver uma vez que o time havia desenvolvido um modo de convivência respeitoso e de discussão transparente acerca dos assuntos relativos à empresa e às respectivas áreas de atuação.

Com certeza não é isso que acontece usualmente no mundo corporativo e, a disputa acirrada e não construtiva entre os pares da liderança acaba por contaminar todo o ambiente de trabalho prejudicando o sucesso do empreendimento.

Liderar um time é tarefa árdua que exige muita atenção do líder maior para compreender o que se passa, tomando atitudes para correções de desvios e sobretudo para assegurar alto desempenho permitindo o atingimento das metas estabelecidas e principalmente crescimento e lucratividade da firma. Alguns chegam a sugerir que 80% do tempo do líder esteja dedicado às pessoas que compõe seu time. Exageros à parte sem dúvida o líder não pode se descuidar de colocar como principal tema de sua agenda o time de liderança que a ele ou a ela se reporta.

Estudiosos de excelência organizacional defendem que o líder principal, na busca do sucesso do time de líderes, deve aprender a monitorar, gerenciar e recompensar o desempenho de forma eficaz. Outro ponto importante, e até anterior a estes aqui ditos, reside na necessidade de o líder manter clareza em relação a visão de longo prazo do negócio e da estratégia desenhada em sustentação aos objetivos traçados. É um pouco de tudo isso misturado, sem dúvida.

O time de liderança é peça chave na organização seja do ponto de vista da capacidade técnica em que cada líder de área/atividade domina os temas de sua responsabilidade, como da habilidade em desenvolver relacionamento interpessoal construtivo criando atmosfera propícia para a boa execução dos planos traçados, afinal a interdependência dos departamentos é inquestionável. Deste modo não pode ser concedido espaço para jogo político rasteiro devendo o grupo de líderes compreender que a energia e esforço precisam estar focados em coisas construtivas e não em ruídos ou até “golpes” para uma área se sobrepor a outra. É o tal do todos remando na mesma direção, certo?

A liderança, aqui entendida como o líder principal e seus comandados diretos, tem relevante papel a desempenhar quanto a orientação da direção da empresa assegurando a existência de processos robustos e consistentes, estabelecendo princípios e valores e ainda assegurando que as metas e objetivos estejam alinhados com a visão geral. Necessariamente, portanto, estes líderes tem de levar em conta o todo, ou seja, precisam estar olhando a organização com visão holística. De fato a qualificação técnico funcional passa a ser menos relevante à medida que o líder, ou a líder, alça posições mais altas.

Na busca pela harmonia do time de liderança maior, há três pontos que são simplesmente obrigatórios no relacionamento entre estes pares e a falta de qualquer deles pode comprometer o sucesso. São eles:

  • Comunicação;
  • Confiança e Respeito;
  • Coesão e sinergia.

O líder principal precisa e deve cobrar de seu time de liderados a prática diária destas características, pois de outra forma fica muito mais difícil alcançar o êxito entregando o resultado planejado.

E como pode o líder perceber que este tripé de requisitos de comportamento está sendo respeitado?

O estudioso, escritor e palestrante Patrick Lencioni, estadunidense, que tem sua empresa – The Table Group – voltada para trabalhos na área de consultoria em gestão e desenvolvimento organizacional, depois de ter atuado como executivo em empresas como Oracle e Sybase, escreveu em seu livro “The Advantage: Why Organizational Health Trumps Everything Else in Business” algo que me parece muito sagaz e recomendável para responder à questão que mencionei acima.

Diz ele: “a melhor maneira de determinar a saúde de uma organização é observar a equipe de liderança durante uma reunião”. Sou obrigado a concordar.

Neste tipo de encontro com olhar crítico e atento o líder poderá, desde que preste a devida atenção, avaliar se os pares estão se comunicando de modo transparente e com a frequência necessária; se há entre os liderados relação de confiança e respeito e ainda se todos eles buscam coesão e sinergia entre suas áreas de responsabilidade.

É bom deixar claro que todo este respeito e coesão não elimina pontos de vista contrários, a boa discussão das ideias e iniciativas, devendo o líder principal ao fim promover alinhamento e adesão absoluta às decisões tomadas pelo time como um todo.

 

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