A caminho de outra revolução industrial

O avanço contínuo na transmissão de dados e voz, e a interconectividade democrática proporcionada pela comunicação rápida via internet, promovem verdadeira revolução no mundo dos negócios e criam imensas oportunidades na oferta de produtos e serviços a consumidores ávidos por soluções a custo de aquisição cada vez mais baixo.

E a indústria? Como fica?

Bem… Sabemos que na Alemanha, onde se cunhou a expressão “manufatura 4.0” e nos Estados Unidos da América do Norte o que é chamado de “manufatura avançada ou advanced manufacturing”, está em curso acelerada transformação no chão de fábrica, e nas áreas de Engenharia, que por certo permitirá às empresas manufatureiras oferecer produtos cada vez mais customizados – ao gosto do freguês – e a custo competitivo. E lógico… as companhias que migrarem para essa nova era ganharão dinheiro. A outra opção é manter a tradição no jeito de produzir e correr o risco de ser varrida do mercado. É o que dizem os estudiosos!!!

E a indústria brasileira? Como fica?

De pronto temos imenso desafio, já nos dias de hoje, para manter os negócios competitivos com o que acontece mundo afora, certo?

De fato a empresa manufatureira nacional precisa continuar fazendo a lição de casa em “melhores práticas” de gestão:

  1. Eliminação de desperdícios;
  2. Melhoria na cadeia de fornecedores;
  3. Contenção no uso de energia cara;
  4. Capacitação da mão de obra;
  5. Correta gestão dos estoques;
  6. Destino correto de rejeitos;
  7. Reaproveitamento de materiais (engenharia reversa);
  8. Eliminação do erro e do defeito;
  9. Aperfeiçoamento das práticas de Engenharia; e
  10. Aprimoramento da logística.

Voltando ao tema da manufatura 4.0… Recente artigo da Revista Conjuntura Econômica –mês de Abril 2016 – demonstra de modo didático e bem compreensível que o Brasil, como já poderíamos imaginar, tem uma longa jornada à frente para não ficar tão distante dessa que é chamada, na revista, de quarta revolução industrial.

A primeira revolução foi a da mecanização marcada pelo controle mecânico e uso de energia hidráulica e a vapor. Já a segunda se deu com a eletrificação permitindo produção em escala. Na terceira onda nota-se a presença, cada vez mais frequente, da digitalização no chão de fábrica com a adoção de computadores e mais automação com o uso de robôs, por exemplo.

E a indústria brasileira? Já teria completado o ciclo da terceira revolução industrial?

Segundo o artigo da revista Conjuntura Econômica a indústria nacional, na média, ainda não avançou o suficiente na terceira etapa dos avanços históricos ocorridos no chão de fábrica, e para reforçar esse ponto um dado interessante é citado: a produtividade brasileira no setor industrial representa tão somente 32% da registrada nos Estados Unidos da América do Norte. E aí por certo de pouco adianta possuirmos mão de obra mais barata que a estadunidense, certo? E também não resolve colocarmos toda a culpa de nossa falta de competitividade no valor da moeda – câmbio, embora tenhamos de reconhecer o ambiente empresarial difícil resultante não só do câmbio e sua volatilidade, mas também pelo tal de “custo Brasil”; alta carga tributária; memória inflacionária arraigada; custo do dinheiro e pouca acessibilidade a financiamento bancário.

Se de fato quisermos acelerar os passos rumo ao novo patamar da excelência no chão de fábrica, que contempla a adoção de softwares sofisticados e a tal da “internet das coisas”, precisaremos em meu ponto de vista:

  1. Conclamar os gestores das empresas privadas a exercitarem visão de longo prazo, investindo em “pesquisa e desenvolvimento”…, significando mais investimento em inovação e formação de engenheiros e técnicos;
  2. Cuidar do aperfeiçoamento e da capacitação constante das pessoas – operários; técnicos e engenheiros;
  3. Abrir, de modo estruturado, a economia para recebermos, sem pudor, a tecnologia e fora e aprendendo com ela;
  4. Reunir esforço conjunto das universidades com as empresas;
  5. Direcionar as entidades de classe como a FIESP, por exemplo, no sentido de formular propostas e discuti-las com autoridades do governo para desenho de políticas estruturantes;
  6. Pesquisar e estudar profundamente as práticas e novidades de outras regiões com intercâmbio de conhecimento; aquisição de licenças, e até com visitas frequentes a feiras e eventos mundiais nos mais diversos segmentos da indústria manufatureira e da indústria de software.

Sim! Enquanto cuida do dia a dia, como narrado anteriormente como “melhores práticas”, o gestor da indústria brasileira precisa destinar boa parte de seu tempo para trilhar com sucesso o caminho rumo à nova revolução industrial.

 

 

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