Vamos afinar expectativas e cenários para 2017?

Por mais preocupante que seja o cenário para a economia brasileira no ano de 2017, não pode o gestor deixar de fazer uma leitura realística para, então, pensar em planos alternativos que mantenham o negócio sustentável e, se possível, ganhando dinheiro, certo?

Pois bem, o último relatório Focus divulgado no site do Banco Central do Brasil no dia 9 de dezembro demonstra o que segue:

2016                                      2017

  • Inflação (IPCA)                                                          6,52%                                   4,90%
  • Taxa de câmbio R$/US$ Dez                                 3,39                                       3,45
  • Taxa Selic – Dezembro                                            13,65%                                 10,5%
  • Dívida líquida setor público/PIB                           45,2%                                   51%
  • Balança comercial – saldo US$ Bi                           47                                          45
  • PIB                                                                              -3,48%                                 0,7%
  • Produção Industrial                                                -6,68%                                 0,75%

 

Estas projeções indicam claramente que 2017 será um período longo de travessia do quadro fortemente recessivo, que se iniciou em meados de 2014, para outra situação de modesto crescimento só em 2018. E olhe lá!!

Na verdade, os especialistas estão sinalizando que 2017 será um período no qual não acontecerá deterioração da economia ainda maior do que a já constatada nos últimos doze meses, por exemplo.

Além das próprias adversidades brasileiras no conturbado ambiente político e dos problemas fiscais enfrentados pelos municípios, estados e União, não resta dúvida sobre a impossibilidade de qualquer iniciativa tomada nos dias de hoje trazer alívio ajudando a gerar negócios consistentes acima dos volumes registrados nos últimos meses. A apatia está consolidada no meio empresarial e, de sobra, a enorme capacidade ociosa da indústria inibe novos investimentos e a geração sólida de emprego formal.

Nosso país, como a maioria dos “emergentes”, também tem fragilidades e está exposto aos solavancos externos, e há indicações claras de que no próximo ano, novas lideranças políticas, como a do Sr. Trump nos Estados Unidos da América e a “impaciência” em outros países ocidentais serão fatores a contribuir para certa instabilidade e geração de pânico nos mercados. E mais: o crescimento econômico será modesto mundo afora, exceto nas populosas China e Índia.

As estimativas do grupo Focus trazem, por outro lado, uma reversão consistente do quadro inflacionário; taxa de câmbio mais ou menos no mesmo patamar e saldo positivo da balança comercial. São bons panoramas, porém aqui minha maior preocupação é eventual volatilidade exagerada da cotação do real comparativamente ao dólar norte-americano. Se ela acontecer por período longo de tempo, trará mais insegurança aos gestores, com certeza.

Falando especificamente do setor industrial, dados do IBGE devem encerrar o ano com queda substancial da produção no segmento de bens de consumo duráveis – veículos automotores incluídos –, quase 18% versus o ano de 2015. Já no segmento de bens de capital, a queda anual deve girar ao redor de 14%.

Acredito que 2017, para esses segmentos, será um período de leve recuperação na produção de veículos automotores, crescendo de 3 a 4%. Para bens de capital, imagino ser possível um crescimento próximo de 5%. Se assim for, menos mal. Não é mesmo?

Com a economia ainda andando de lado, as empresas, em maior ou menor grau, continuarão enfrentando dificuldades de acesso a crédito, e os juros para empréstimos não devem ceder substancialmente. É provável, porém, que novos casos de pedidos de recuperação judicial e até de falência sejam em menor número, até porque o Governo acena com a possibilidade de divulgação de um novo programa Refis para diminuir o impacto em caixa com pagamento de impostos, além de novos acessos a crédito para micro e pequenas empresas que o BNDES acaba de divulgar.

Os líderes de negócio precisarão manter o foco na geração de caixa eliminando desperdícios, mantendo um quadro bem enxuto de pessoas, adiando investimentos de baixo retorno, revisando os preços de venda para melhor absorção de impactos internos de aumento do custo enquanto tiram proveito de oportunidades para melhorar a lucratividade. Cabe aqui também o contínuo estudo sobre racionalização de linhas de produtos, busca de novos canais de distribuição e venda, divulgação da marca, reforço da área comercial usando de mais inteligência na identificação de oportunidades a partir do melhor entendimento sobre seu cliente/consumidor.

Continuo entendendo que em 2017 haverá espaço para fusões e incorporações de empresas em busca de criação de sinergias e fortalecimento de presença no mercado. Tudo indica que será possível comprar companhias com preço bem razoável. As exportações devem continuar na agenda das companhias visando ampliação dos volumes de negócios a partir de estrutura interna mínima para lidar com comércio exterior e ainda definição de preços e canais de venda apropriados.

No comércio e setores de serviços, o bom atendimento e o pós-venda continuarão fazendo enorme diferença para cativar clientes novos e, sobretudo, manter os já existentes. Também é recomendável entender muito bem os passos da concorrência, que pode ser mais acirrada, com prática de guerra de preços dificultando ainda mais a venda e corroendo as margens.

Em resumo, com cenário econômico ainda difícil e pouco expectativa de retomada razoável dos negócios, as firmas devem, no próximo ano, manter o time de pessoas focado no monitoramento das atividades e dos movimentos do mercado, buscando adaptação rápida caso o ambiente se modifique substancialmente.

Planeje e execute bons planos para fazer a travessia de 2017 a 2018 mantendo o negócio saudável e lucrativo, o quanto puder.

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