A Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu no ano de 1992 uma conferência mundial na cidade do Rio de Janeiro reunindo muitos chefes de estado, empresários e outras organizações em diversos debates sobre questões relacionadas ao desenvolvimento sustentado.
O evento foi celebrado como passo importante para tratamento efetivo de graves assuntos como: a biodiversidade, a devastação das florestas, mudanças climáticas e consequências na qualidade de vida, mobilidade nos grandes centros urbanos, necessidade de buscar outras fontes de energia renováveis.
Não há dúvida de que a humanidade só prosperará de modo sustentado com o envolvimento e ações conjuntas dos governos centrais dos países, governos das cidades, estudos e pesquisas acadêmicos, as organizações não governamentais (ONG’s), instituições de governo multilaterais e das empresas privadas. E a ONU, por exemplo, tem procurado coordenar e dar o ritmo dessas mudanças o que é muito positivo e permite, de certa forma, imparcialidade e isenção nessas discussões.
A empresa de consultoria SustainAbility, que foi fundada em 1987, tem oferecido serviços de qualidade no apoio e estruturação de ações junto a esses diversos atores que naquele ano de 1992 a ONU reuniu no Rio de Janeiro. E mais…a empresa também tem publicado periodicamente pesquisas que realiza para medir os progressos obtidos desde então e é relevante destacar a existência de muito método e seriedade nos estudos até agora realizados.
A mais recente pesquisa foi publicada em 7 de Junho desse ano – visite o site www.sustainability.com para uma leitura cuidadosa. Nesse estudo buscou-se entender a partir da opinião e respostas de mais de 900 especialistas de 84 países que atuam: a) no mundo corporativo e de negócios; b) na academia; c) em organizações não governamentais; d) governantes. Também foram realizadas visitas técnicas para reunir dados e informações consistentes.
Sim! De modo geral no mundo todo se observa avanço nas questões ligadas à sustentabilidade, embora alguns dos atores tenham desempenhado melhor que outros como aqui indicado:
- Os governos nacionais (dos países) pouco progrediram e/ou agiram para mudar questões críticas como a preservação da biodiversidade e mobilidade urbana;
- As organizações não governamentais, e aqui são citadas WWF – World Wildlife Fund – e Greenpeace – estão à frente de todos os outros atores com participação ativa em apoio às boas práticas do desenvolvimento sustentado;
- As companhias privadas não foram tão bem avaliadas quanto às ONG’s, mas têm feito a lição de casa;
- A ONU, claro, foi bem avaliada;
- Em penúltimo lugar ficaram, de modo geral, as instituições financeiras.
No mundo dos negócios de fato observo avanços, inclusive em nosso país, e questões e problemas ligados à sustentabilidade fazem hoje, em menor ou maior grau, parte da agenda do “top management”. E isso deve trazer resultados favoráveis como o crescimento e lucro sustentados.
Afinal do que trata a sustentabilidade nos negócios e como pode uma firma jogar esse jogo de modo construtivo, sem abrir mão do resultado financeiro? É possível isso? Parece que sim!!
Os especialistas defendem que de modo geral o tema sustentabilidade na atividade empresarial é composto de três pontos principais:
- Econômico: ter lucro; buscar redução de custos e eliminação de desperdícios; promover o crescimento dos negócios; investir em P&D – pesquisa e desenvolvimento;
- Ambiental: preservação de recursos naturais escassos; diminuição dos índices de poluição gerados a partir da atividade industrial ou agrícola; gestão do meio ambiente e destinação de resíduos;
- Social: promover a diversidade no ambiente da empresa; cuidar da educação e capacitação das pessoas; atuação junto às comunidades.
Em minha vida de executivo, no início, observava pouco interesse das lideranças nas questões ligadas à sustentabilidade, mas isso tem mudado nas últimas décadas seja porque as leis têm exigido cuidado no trato de certos pontos, ou ainda por exigência dos “stakeholders” – partes interessadas – hoje muito mais preparadas para o debate e reivindicação de direitos, e até porque o tal de “desenvolvimento sustentado” traz oportunidades reais de “inventar” produtos e serviços revolucionários que atendem a públicos e consumidores mais demandantes do “politicamente e ambientalmente” corretos.
Retornando à recente pesquisa divulgada pela SustainAbility e focando tão somente o mundo empresarial convém listar:
- Setores que mais evoluíram nas questões ligadas ao desenvolvimento sustentado: biotecnologia; tecnologia da informação e comunicação; produtos de consumo
- Áreas tidas como aquém do desejável: mineração e “óleo e gás”
- Empresa primeira colocada na classificação de liderança na sustentabilidade: Unilever. Vem a seguir: Patagonia –empresa Norte Americana que desenha, produz e comercializa artigos de vestuário; Interface – também com matriz nos Estados Unidos e que fatura anualmente ao redor de 1 bilhão de dólares – fabricante de carpetes para revestimentos; Ikea – conhecida empresa Sueca que produz móveis e utensílios com desenhos bem funcionais; Tesla – mais conhecida por seu esforço na produção de veículos elétricos e direção autônoma; Nestle e…a brasileira Natura!!! Após a Natura se situam GE, Google e Coca-Cola.
Definitivamente é preciso cuidar do futuro da humanidade e é cada vez mais intensa a demanda da população, no mundo todo, na identificação de que atores estão de fato contribuindo para o desenvolvimento sustentado e as empresas, firmas, corporações que de criarem essa cultura internamente e agirem através de investimentos e gestão sobre os três pontos de apoio da sustentabilidade: Econômico; Ambiental e Social colherão os frutos da perenidade do negócio e sua lucratividade.