Tente desejar bom ano de 2018 a executivos, gestores e/ou donos de negócio no Brasil e o que possivelmente receberá de volta é a mensagem…”Ufa, espero sim que as coisas melhorem no próximo ano”.
As queixas continuam tanto para aquelas empresas atuantes no mercado interno – claro a recessão econômica brasileira abusou de nossa paciência, pois já lá se vão três anos – , como naquelas que tem na exportação boa parte do faturamento – aqui a reclamação é volatilidade do câmbio e viés de valorização do Real.
Vamos deixar os lamentos de lado e observar de fato o que aconteceu no ambiente de negócios de 2015 para cá e, a partir de dados que colhi, não há como negar que:
- Em 2016, na média, a situação parou de piorar;
- Neste ano de 2017, na média, independente do segmento da indústria e/ou comércio, a situação de crescimento nas vendas e melhoria rentabilidade são pontos positivos a celebrar.
Além destes números, compartilhados abaixo, é importante observar que os especialistas “palpitam” o PIB nacional cravando crescimento entre 2,5% e 3,5% no ano de 2018, apesar da sensibilidade ao humor do mercado devido às eleições presidenciais, reformas, etc…
Os dados utilizados para análise são de empresas de capital aberto, portanto disponíveis no site da CVM – Comissão de Valores Mobiliários, e abordam três pontos: faturamento líquido; lucro operacional e margem EBITDA sobre vendas. As séries históricas compreendem o período acumulado de Janeiro a Setembro dos anos de 2015 a 2017.
São três as categorias de empresas analisadas: a) companhias dedicadas ao setor de transporte (peças e equipamentos para automóveis e veículos comerciais) – Mahle Metal Leve; Randon e Marcopolo; b) firmas nas quais a exportação ou negócios no exterior são a maior parte do faturamento – Embraer, Fibria e Weg; c) redes de varejo com comércio em loja física e comércio eletrônico – Lojas Renner, Magazine Luiza e Via Varejo.
Desde já convém dizer que o desempenho das empresas pode não guardar relação direta entre elas afinal cada uma delas tem sua peculiaridade de mercado/concorrência e situação de momento. De todo modo esta amostra não invalida a observação final de que é bom deixar os lamentos de lado e de fato aproveitar as oportunidades que o mercado deve oferecer no próximo ano.
Claro está também que os gestores das empresas não ficaram de braços cruzados observando o estabelecimento da crise. Não resta dúvida, para mim, que o melhor desempenho dos negócios resultou, em parte, do esforço concentrado no enfrentamento da crise econômica gravíssima que se instalou em nosso país a partir da segunda metade do ano de 2014.
- Dados e comentários sobre setor de transporte (valores em Reais milhares):
2017 2016 2015
Vendas Lucro EBITDA Vendas Lucro EBTIDA Vendas Lucro EBTIDA
Mahle 1687,9 248,0 18,9% 1639,4 214,3 17,4% 1862,5 241,8 17,3%
Randon 2083,5 150,2 11,0% 2001,6 62,1 7,1% 2284,5 69,1 6,1%
Marcopolo 2032,4 37,3 3,5% 1756,2 305,2 19,5% 1951,7 130,3 8,5%
Comentário geral: O faturamento relativamente estável em 2017 versus 2016, EBITDA e lucratividade em recuperação, exceto o lucro operacional da Marcopolo que foi afetado neste ano por perdas com incêndio em uma de suas plantas industriais e provisões contábeis referentes a caso de “compliance” na China.
- Dados e comentários sobre empresas com perfil Exportador (valores em Reais milhares):
2017 2016 2015
Vendas Lucro EBITDA Vendas Lucro EBTIDA Vendas Lucro EBTIDA
Embraer 13058,2 841,7 12.0% 14733,5 (203,7) 4,7% 12307,0 852,5 12,6%
Fibria 7692,5 1197,8 43,0% 7081,0 1340,8 41,0% 7096,1 2259,8 52,0%
WEG 6850,1 878,6 15,9% 6989,7 752,3 14,4% 7026,1 861,4 15,6%
Comentário geral: EBITDA em dois dígitos preservado, apesar de faturamento líquido sem grande expansão nos dois últimos anos, ou seja, a rentabilidade melhorou!
- Dados e comentários sobre empresas do Varejo (valores em Reais milhares): 2017 2016 2015
Vendas Lucro EBITDA Vendas Lucro EBTIDA Vendas Lucro EBTIDA
Mag Luiza 8362,4 279,8 8,6% 6669,5 28,4 7,3% 6513,3 (60,6) 5,6%
Renner 4992,8 604,7 14,1% 4340,8 510,9 15,3% 4130,9 541,1 16,2%
Via Varejo 18248,0 611,0 4,6% 16282,0 (46,0) 0,9% 13807,0 763,0 5,8%
Comentário geral: Todas as empresas apresentaram crescimento do faturamento líquido e nível de lucratividade conforme histórico, com leve queda da margem EBTIDA nos casos de Renner e Via Varejo. O desempenho da Magazine Luiza, acima do padrão, demonstra consistência na recuperação de margens.
O próximo ano, apesar do pessimismo e/ou prudência de alguns, deve definitivamente recolocar os negócios, em geral, em tendência de crescimento das vendas, aumento da lucratividade e retorno aos acionistas. O resto é “chororô”. Você concorda?
Bons negócios